AQUI
ESTÁ MINHA VIDA
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.
(Cecília Meireles)
Naquele dia eu havia ganhado um vestido azul de
florzinhas e um sapato preto de verniz que foram meus companheiros na maior
festa que minha infância presenciou.
A palavra ” quatrocentão” ecoava através das paredes de
minha casa e toda aquela agitação fazia-me sonhar de olhos abertos, enquanto eu
procurava decifrar o que esta palavra queria dizer.
Para minha alegria, uma de minhas irmãs levou-me ao
centro da cidade para assistir a tal comemoração. O ano era 1954, o sol de
janeiro anunciava um feriado e eu estava vestida com roupa de festa, afinal eu
estava indo para um aniversário.
O viaduto do chá estava apinhado de filhos desvairados da paulicéia de Mário de
Andrade. Do alto de meus 7 anos eu aplaudia os 400 anos de minha cidade. Para
mim o mundo todo estava ali; em cada rosto, em cada sorriso. E o brilho do
verniz que saía de meus sapatos refletia toda a felicidade em ser uma menina de
tranças, princesa encantada no palco da história paulistana.
A comemoração era tão grande que já não cabia mais em
terra, então eu olhei para o céu descobrindo a existência do milagre. Porque
das nuvens caíam flocos, pequenas fatias brilhantes que saltavam no para quedas
da mais fina prata. Pois as calçadas, os automóveis, as pessoas, os parques e
todo o resto cobriram-se de chuva... Da chuva de prata que dos céus caía.
By Lu Cavichioli
*texto dedicado para tia Disa que presenciou o acontecimento*
Lindo do começo ao fim: a abertura do texto, com cecília Meireles, eu nem comento; minha diva! Tua narrativa, doce e encantadora, Lu. Tenha um fim de semana supimpa (alguém ainda usa esta palavra?).
ResponderExcluirObrigada Ana, adoro quando vens!
ResponderExcluirBem que eu sabia que Cecília seria algo de especial pra ti, posto que teus poemas são como crias das crias de Meireles.
kkkkkk Supimpa?? Lógico que sim. Quem usa viveu num tempo em que falar de flores era natural.
bacios querida e bo findi pra ti tb \O/
QUE SUPIMPA MEWW, RSRSR ACRESCENTI UMA GÍRIA MINHA E DA TIA DIZA.KKK
ResponderExcluirAII QUE DELÍCIA LÚ.. ADOROOOOOOOO, AMO DE PAIXÃO A DIZA, E VC NÃO PODE ACREDITAR, E NEM SEI SE ACREDITA NISSO, SABIA QUE SOU MEIO QUE ALMA GÊMEA DELA?? UM DIA TE EXPLICO O PQ, É MEIO LOUCO, MAS É VERDADE.
ADOREI TODO O CONTEÚDO DO TEXTO, AINDA MAIS PQ FALA DA CIDADE EM QUE SOU MEGA PUXA SACO, NOSSA SÃO PAULO QUE NÃO DORME E QUE EU AMO.
BJS NO TEU CORE, SUA BONITA.
PATTY.
Alegres são as lembranças,
ResponderExcluirMemórias doces, formosas,
Que uma menina de tranças
Traz nos seus lábios de rosas.
(Pra não dizer que não falei de flores).
Beijos.
Palavras encantadoras Lu!!! Emoção que salta os olhos e aquece o coração : ) E a Cecília...amo!!!!
ResponderExcluirBeijos flor talentosa !
Keila Gon
Sua forma de narrar um acontecimento é mágica por si só. Amei! Bjs.
ResponderExcluir