O Satélite Púrpura Cintilante era uma das pequenas luas de Lustron e ali existiam bases/colônias protegidas por cúpulas transparentes onde o oxigênio vinha dos bosques naturais criados pelos sobreviventes que embarcaram do planeta Terra já esgotados em seus recursos.
Sua atmosfera não era respirável, porém havia água potável no planeta e seus habitantes aproveitaram-na para viver e sobreviver.
Conta-se que um dos sobreviventes possuía poderes extra sensoriais e domava borboletas que obedeciam ao seu comando. Sendo assim ele construiu um enorme viveiro que de tão colorido era atração especial entre os colonos.
Quando Sinhazinha chegou, ele veio recebê-la no angar principal que também era seu lar. A moça chegou tímida, meio desconjuntada e zonza , talvez tenha tomado uns tragos durante a viagem porque essa garota adorava uma cachacinha . Vendo o estado dela o domador de borboletas logo a reanimou com o elixir da alegria e daí por diante ela começou a rir e a sorrir a toa.
Depois de instalada em seus aposentos, Sinhazinha começou a escrever uma longa carta a seus pais (que nunca seria entregue) e ali ela choramingava e dizia não saber o que seria de sua vida dali por diante.
Quando se fez noite, o estranho homem que era mágico entrou no aposento da moça , que repousava.E logo viu o manuscrito ao lado dela. Ele era perverso e acabou por roubar a carta, lendo e destruindo em seguida.
Os meses foram se passando e Sinhazinha já habituada com sua nova vida colhia flores de colibri ali mesmo em seu pequeno jardim lembrando de seus pais que nunca a visitaram e procurando se distrair com seu trabalho para com as crianças das colônias. Ela tornou-se uma contadora de histórias e também as ensinava a ler e escrever e a tecer rendas com a lã que nascia fora das cúpulas. Aquilo lhe causava grande estranheza, mas pouco importava se tudo ali parecia um milagre como sempre dizia sua mãe sobre as coisas que ela não entendia.
Em uma tarde sob um céu lilás, Sinhazinha encontrou com uma borboleta que caminhava em sua direção. Ela tinha pernas de bailarina e usava saltos. Seu corpo era esbelto e exibido porque ela adorava ostentar suas asas, que enormes, brilhavam como pisca pisca.
A moça levou um susto e ficou ali parada, com seus olhos esbugalhados e as penas bambas e nos pensamento uma pergunta: Borboletas podem andar? Seria milagre ou mistério (palavra sensinada por seu pai para designar elementos e situações que causavam medo).
Ao chegar perto, a borboleta falou:- Ohhh... Esse foi outro susto, bem maior que o anterior.... Dizendo:
- Olá Sinhazinha, eu sou a Senhora de todas as Borboletas e também sou eu que crio os canteiros de lã.
-Ahh, sim?
-Mas tenho um segredo e vou contar a você ... De tempos em tempos sou borboleta, já outros sou Novelo de Lã ,e assim vivo minha vida.
Sinhazinha olhou-a com nojo e desprezo achando-a muito arrogante, mas mesmo assim depois de um tempo tornaram-se amigas.
Um dia , Novelo de Lã que era Borboleta (as vezes), a presenteou com um balaio e dentro dele havia um gatinho chamado Lusco Fusco.
Os três personagens viveram ali por muito tempo, descobrindo que o senhor dos viveiros era um impostor e que o verdadeiro cultivador tinha sido exilado para a outra lua de Lustron. elas ficaram muito irritadas com esse homem de olhar sinistro e com voz de sarcófago. Então resolveram abrir o bico e contar pra colônia toda quem era esse abestado. Sendo assim, ele foi exilado e colocado no lugar de Mister Boommer , o verdadeiro senhor dos viveiros.
Depois do resgate, Mister Boommer começou a semear os campos dentro das cúpulas e ali em algum lugar especial nasceu o Cajueiro.
Sinhazinha e o Novelo de Lã ficaram encantadas com essa árvore que as vezes chorava de noite, olhando as estrelas.
Quando chegou o verão cintilante, o Cajueiro deu frutos. O Novelo de Lã virou borboleta de vez, e Sinhazinha teve um filho.
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