Todos os Direitos Resevados à Lu Cavichioli
Todos os trabalhos aqui expostos são de autoria única e exclusiva de Lu Cavichioli e estão licenciadas por
Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.
Não comercialize os trabalhos e nem modifique os conteúdos
Se quiser reproduzir coloque os devidos créditos
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Razões do Coração - Cena I
Prólogo
Rose costumava comprar os presentes de natal antecipadamente e naquele ano não seria diferente. Contudo, a ceia de natal reservava algo inusitado a todos e a busca por algo diferente para ser colocado sob sua árvore natalina a estava deixando cega, surda e muda de tanta ansiedade e quem sabe um receio ,que lá no fundo de sua alma, tinha a face desconhecida da surpresa.
A ideia de meu pai não era de todo má e muito menos novidade para mim. Faltava duas semanas para o natal e eu nem sequer havia feito a lista para a ceia. Meu trabalho na clínica estava me consumindo e há muito eu manifestava um desejo mudo em deixar tudo de lado e continuar com o que eu gostava de verdade, que era restaurar quadros e peças antigas.
Papai morava conosco desde a morte de minha mãe há três anos. Ele não era mais um jovenzinho, mas eu não o via com 83 anos embora já demonstrasse algum sinal de surdez e sua caminhada agora era lenta. Contudo, ele era ativo, esperto e muito lúcido. Ele fazia questão (ainda) de criar projetos na área de edificações, mesmo que fosse uma casinha de bonecas para Alice.
Aproveitando minha folga na clínica, eu e meu velho resolvemos conversar seriamente sobre a proposta dele e que mudaria minha vida. Bem ali, juntinhos na rede enquanto esperávamos Alice voltar do colégio, dividiamos um pequeno chá da tarde com algumas torradas, manteiga com geléia e um fofinho bolo de laranja com cobertura glaçada que ele mesmo fazia questão de preparar.
Meu pai era um homem generoso em suas decisões e sábio ao lidar com situações delicadas. Desde cedo aprendi com ele valores preciosos sobre a vida como por exemplo, uma certa reflexão que ele chamava de auto análise.
Sempre foi um homem ponderado, correto e de um caráter íntegro e sincero, quer fosse em casa ou no trabalho. Talvez por isso tivesse tantos amigos.
O chá emitia seu perfume entrelaçado em uma névoa branca que subia da xícara invadindo a varanda. O por de sol já emitia sua aquarela quando o ouvi pigarrear, e isso era um sinal de que ele ia começar a falar e queria minha total atenção.
Olhei sorrindo com o canto da boca e piscando ao mesmo tempo que passava minha mão em seu rosto:
_Vamos lá papai, diga logo o que está pensando.
_Vejo que me conhece do avesso né querida? - Lembra filha, quando trazíamos uma companhia pra você no natal?
_Sim, paizinho, lembro-me como se fosse hoje... Eu morria de ciúme , mas hoje compreendo o bem que fizeram àquelas crianças, mesmo que a dor fosse dobrada ao devolvê-las para o orfanato. .. E olha, nem precisa continuar a dizer nada, porque já advinhei tua fala.
Ele sorriu e me beijou docemente na testa.
-Olha pai, eu falei com o Marcos e ele concordou. Semana que vem podemos ir juntos ao orfanato... Aquele que fica no km24 da Rodovia do Pessego, é aquele não?
_Sim filhota é aquele mesmo... - você era apenas uma menina. Ah, mas deve estar todo reformado e aposto que a Sra. Dis'téfano nem está mais lá.
-Pode até ser pai, tudo é possível. Eu até gostaria e vê-la, nem me lembro de seu rosto... o que ficou em minha memória foi somente o coque que ela ostentava no alto da cabeça e aquele óculos de aro dourado que eu achava que era de brinquedo, lembra?
Caímos na risada e eu me senti menina novamente , mas mesmo assim um canto dúvida pairou sobre o olhar de papai...
_ O que foi pai?
_ Ah filha, sera que Alice vai aceitar um órfão para passar o natal e ano novo com a gente? Tenho cá minhas dúvidas.
_Poxa, agora que você tocou no assunto, devo confessar que Marcos fez a mesma pergunta ontem. Mas olha paizinho, ela já tem seis anos e...
Os olhos de Rose ficaram marejados e seu pai segurou firme em suas mãos e disse com aquele tom de voz tão conhecido por ela e qu lhe acalmava todas as dores.
_ Minha querida, pense bem... Você já superou o fato e sabe que teu marido é aberto a qualquer decisão que tomar a esse respeito.
_ Eu sei pai, mas é que isso me persegue e assombra e você é testemunha de meus pesadelos. Ah, mas deixa pra lá... -- Seus olhares foram interrompidos pela buzina da perua que chegava com Alice.
-Ah, chegou a boneca do vovô!
Alice saiu em disparada e num piscar de olhos já estava empoleirada no colo de papai.
_Sabe vovô eu desenhei um castelo hoje, igualzinho daqueles que você faz pra essas pessoas ricas e que pagam pelos teus "rabiscos" feitos a régua.
Meu pai sorria balançando a cabeça dizendo:
_Não são castelos querida, são apenas casas e que de tão grandes podemos chamar de mansões.
-Ah, pra mim são castelos... E dizendo isso deu-lhe um beijo, me abraçou e saiu correndo ao encontro de Thor, nosso cão labrador.
Como é bom ser criança e saber-se livre na inocência da infância.
Depois de nossa costumeira oração à mesa antes do jantar, Alice estava agitada e com sua impaciência me perguntou:
_Mãe, você já telefonou para o Papai Noel?
Marcos sorriu com seu olhar periférico tamborilando os dedos sobre a toalha, enquanto papai dizia que tinha perdido o número do telefone e que talvez Papai Noel tivesse facebook.
_PAPAI! Ralhei imediatamente. Eu queria essa parafernália tecnológica longe de mnha filha por enquanto, afinal ela só tinha 4 anos.
_Calma filha, e não pode ser verdade? Afinal hoje está tudo informatizado.
Alice fazia caretas e batia com o garfo no prato irritando-me. - Oi manhê, você ouviu o que eu falei?
Com cara de empada eu respondi:
_Telefonei, mas ninguém atendeu. É que ele deve estar viajando, você sabe que nessa época ele precisa visitar muitas crianças.
_AHH , mãe, mas eu quero meu presentee e ele vai me dar né?
___Claro filhotinha - exclamou papai. - O vovô é amigo dele e vai dar um jeito.
Revirei os olhos enquanto Marcos disfarçava para não gargalhar com as palhaçadas de meu pai.
O fim de semana foi intenso de brincadeiras e compras. Eu queria um pinheiro natural e estava batendo cabeça pra achar uma dessas casas botânicas onde eu pudesse entrar e nela me perder entre flores e seus aromas.
Depois de percorrer alguns bairros achamos o "Central Gardem Palace"- uma estrutura plantada no meio aos monumentos urbanizados recheados de concreto e tecnologia. - OH,Exclamei! Que bom que existem lugares como este ainda.
Alice corria na frente enveredando pelo laribirnto floral repleto de gaiolas brancas com passarinhos artificiais e ao mesmom tempo passando a mão nos vasos que encontrava .
Papai e eu batemos o olho no mesmo pinheiro e dissemos em uníssono: _Olha aquele ali, está
lindo'!
aguardem o andamento com o final.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Essa primeira parte já me conquistou. Os diálogos, a expectativa, as brincadeiras. Já estou aguardando a continuação. Grande beijo!
ResponderExcluirMAS...
ResponderExcluirTINHA QUE SER NE?
EU LOUCA PRA VER O PINHEIRO, JÁ ATÉ IMAGINEI ELE.
ME AVISE QUANDO TIVER A CONTINUAÇÃO,MTOOOO BOUAA, ADORO HISTÓRIAS ASSIM.
BJS NO TEU CORE BONITA, JÁ ARRUMEIOS COMENTÁRIOS DO PHOTOSHOP OK? BJBJ.
PATTY.
Esperando. Enquanto tá no plim-plim eu vou ali buscar a pipoca. Beijo.
ResponderExcluirEsse Natal promete e muito. Já estou esperando mais emoções.
ResponderExcluirUm lindo dia para você, Lu
bjs.
As histórias natalinas tem sempre aquele cheirinho de cedro, e eu me vejo diminuindo de tamanho, as pernas cobertas por uma sainha de xadrez... linda história! Vamos ver o desfecho...
ResponderExcluir