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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Noite dos Tempos






(Tive esse sonho no ano de 2000!)
Sentei-me na cama. O peito arfando e a testa molhada.


Logo que o rádio relógio tocou olhei imediatamente para os digitais, que exibia um vermelho desbotado, posto que ainda sonolenta, visualizava em meio à leve penumbra que envolvia meu quarto, números, que gritavam: _oito horas da manhã!
Então sem demora levantei respirei fundo dirigindo-me à porta que estava fechada.
Quando abri, saí no corredor e vi minha empregada que passava apressada vestindo um uniforme nada habitual. Usava na cabeça aquelas toquinhas ridículas com rendinhas e laços de fita acetinada, culminando num todo listrado de azul e branco, avental do mesmo tecido, meias soquetes e sapatilhas brancas. Olhei-a meio desconfiada, virei a direita esperando encontrar minha sala de estar, quando fui surpreendida por uma grade que dava acesso a uma escada que por fim levaria à sala.

À minha direita, cortinas esvoaçavam ... Enfim quando resolvi descer as escadas olhei para baixo e vi três salas. Parei, segurei firme na mão da criada puxando-a em minha direção, indagando:
__Onde estou? Que lugar é este?
__Desculpe, senhora, mas... Está em sua casa!?
Dito isto, soltei-a de qualquer maneira e pus-me a contemplar o trio de salas, amplas em sua totalidade. Duas salas de visitas, diferenciadas, e ao longe a sala de jantar.

Ainda não tinha conseguido descer as escadas, estava meio atônita e petrificada. Num ímpeto, projetei meu corpo para frente e pensei:"_ vou descer... é agora ou nunca. Então comecei a descer, quando ouço bem atrás de mim um choro de criança... Olhei e vi um rosto de maquiagem leve,fino corpo vestindo um avental branco e trazendo nos braços um bebê rosado e muito bem cuidado, que ao olhar prá mim, sorriu como uma estrela em noite enluarada.
Não pude conter-me, acariciei seu rosto, suas mãozinhas, que neste momento ansiavam por meus braços. Surpresa e comovida, olhei para aquela moça e perguntei:
__Quem é você, e o que faz com este bebê aqui?
A moça olhou-me com indignação, respondendo:
__Bom dia... é... sou a babá, e este, seu filho.
Este golpe foi pior que as três salas, a sacada e aquele uniforme sem graça de Maria. Neste momento eu não sabia se estava no último degrau ou se já tinha colocado os pés em terra firme.

Quando dei por mim estava sentada em uma das poltronas ouvindo um ruído que vinha detrás de uma porta vai e vem . Levantei-me rapidamente, empurrei a portinhola e saí na copa. Mesa posta, uma desjejum de fazer inveja! Frutas, leite, sucos, frios , queijo, croissant, geléia...

Tudo era muito estranho, mas eu , de certa forma, estava gostando daquilo. Então pude ver agora de onde saía o ruído que ouvira instantes atrás. Em pé ao redor de um balcão instalado no centro da cozinha, estava outra jovem, de certo agora uma cozinheira, picava lentamente alguns legumes. Olhou-me dizendo:
__Bom dia, não se preocupe, já estou fazendo a sopinha do bebê, vou colocar bastante cenoura como pediu.
Assenti com a cabeça, balbuciando um gemido: "_ahan”

Resolvi continuar minha exploração e logo ouvi um burburinho vindo de fora. Corri e saí em um quintal... enorme... com jardim e tudo.
Passou por mim neste momento uma jovem, linda, cabelos solto , pretos, olhos escuros e pele bronzeada. Deu-me um beijo e disse:
__oi mamãe, onde estava? Está atrasada para sua aula de natação.
NATAÇÃO??????
Eu odiava natação e morria de medo de piscinas. Foi quando vi, bem na minha frente, umas delas. Enorme, e... Cheia de gente.
Parecia uma festa do Havaí... Uma loucura!
Saí andando por este jardim como uma desorientada, perdendo a noção do tempo e espaço. Ao longe, avistei aquele bebê, juntamente com três senhoras. Corri até lá pedindo ajuda:
__Por favor, ajudem-me! Quero sair daqui... quero ir para casa.
Uma delas aproximou-se de mim dizendo:
_Fique calma, está em sua casa.

Olhei-a extremamente desesperada. Foi então que tive a maior e a mais extraordinária experiência de toda minha vida.
Avistei uma cadeira, bem no meio do jardim... corri, sentei-me nela e imediatamente esta cadeira foi girando, em câmera lenta...
foi subindo para o ceú, girando lentamente... Subindo, e eu vi nesta hora figuras angelicais de todos os tipos, formas e rostos. Uma mais linda que a outra. Depois o movimento giratório tornou-se mais rápido e logo estava eu em um túnel nebuloso... ( não dá para imaginar que sensação fantástica e aterrorizante que eu estava experimentando)
Continuava girando e girando cada vez mais rápido, até que a cadeira ficou em posição normal, eu fui descendo lentamente e quando dei por mim, estava em minha cama, em meu quarto, porta fechada, olhar no relógio: Um digital vermelho que ressonava oito horas da manhã!

Cheguei à uma conclusão: Foi realmente um sonho, ou um fenômeno?
Estava em outra dimensão encontrando-me com meu outro eu??
Não sei dizer. Só sei que nunca mais esqueci esta experiência.
Mas de uma coisa estou certa:
Existem os mistérios, porém, somos tão frágeis criaturas, que não valeria a pena tal explicação. Mesmo porque nossa mente
não alcançaria tal revelação.






Coleção: Self

By Lu Cavichioli

4 comentários:

  1. - Sonhos... lembro-me de alguns, um pouco parecidos com esse aí. Em muitos eu voava - não como o Super-homem, mas sempre ereto, deslizando lentamente...
    - Abraços, sonhadora...

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  2. Impressionante mesmo, Lu. Um sonho longo e cheio de personagens e ações. Já tive sonhos longos, mas nunca com um enredo bem delineado como esse seu.

    Sou meio cético com relação a viagens extracorporais, mas admito que o seu sonho dá o que pensar.

    Foi um prazer conhecer o seu blog.

    Um abraço

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  3. MUITO LINDO SEU SONHO, CREIO QUE FOI FASCINANTE.


    BJSSSSS

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  4. MARAVILHOSA EXPERIENCIA, FIQUEI ENCANTADA.

    BJS
    MELRY

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