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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Série: Fragmentos Anônimos







A vida em meus olhos


De: H. R.

Por :Lu Cavichioli



“Quando resolvi abrir os olhos para  a realidade , senti que meus receios ainda me fatigavam, embora eu já os tivesse jogado na areia movediça do inconsciente, mesmo assim teimavam em fustigar meus propósitos.”

...Faça uma auto-análise (dizia meu pai), e veja se você está  certa!

Eu gostava quando ele dizia auto-análise. Era bonito ouvir meu pai falar difícil.

Eu ia então para meu quarto e ficava pensando como fazer essa tal de auto-análise. Nessa época eu tinha uns 17 anos mais ou menos, e meus anseios estavam longe de serem auto- analisados. Abria então a janela e ficava olhando as pessoas, as árvores, os pingos de chuva e o jardim com sua população eco(lógica) – diversa e auto construtiva.

Sem esperar vinha um aroma de baunilha que brindava minhas narinas, e lá ia eu pra cozinha e via o bolo escapando de mais uma fornada.

Os pés da velocidade levaram-me até o pilar adulto dos meus 28 anos quando me tornei mãe.

Foi quando descobri (ainda não acreditando) quem realmente era minha mãe. E meus propósitos fustigados criaram voz, ameaçando meu sossego.


Sem pestanejar comecei a ver, porque enxergar eu já sabia como era. E logo, foi se desenhando em quebra cabeças a personalidade incauta dessa pessoa que diziam ser minha genitora.  Ela passava sobre mim como um trator, esmagando minha carne e ossos, sem se importar se o sangue perdido deixaria feridas.


E meu pai continuava pedindo que eu fizesse a tal de auto- análise...



Do livro - (Crônicas Anônimas)

By Lu Cavichioli




5 comentários:

  1. As feridas têm de cicatrizar!
    Excelente!
    Bjo

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  2. Esses fragmentos doídos ficaram para trás?...
    Ou não.
    Questão de auto-análise?!

    Lindas considerações, amiga. Amei ler-te! O pai, sempre presente, como o meu!
    Mãe-trator, já conheci algumas, infelizmente.
    Beijos!

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  3. Quando minha sobrinha se tornou mãe, passou a entender todos os comportamentos de minha irmã. E até as cicatrizes que, eventualmente, carregava, se tornaram belas aos seus olhos. Bjs.

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  4. Bela síntese do que seja auto-análise.
    Beijo.

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  5. Creio que as feridas sequem, mas as cicatrizes ficam para nos lembrar, não sei se como um ensinamento, pode ser. Que tua semana seja abençoada querida! Vou seguir este também que eu não conhecia. Beijo carinhoso.

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